segunda-feira, 15 de julho de 2013

Um breve conto sobre aprender a levantar




Em um momento, tudo lhe havia sido tirado. Tudo! Ela não mais conviveria com presença dele que, por longos anos, simbolizou sua razão de ser. De quem cuidaria agora, pensava, se só para ele vivia.

E chorou. Muito. Copiosamente. Por vários dias. Até que não mais chorava a dor da perda. Suas lágrimas eram derramadas por que se condicionara a chorar ao pensar naquela situação. Mas, a medida que o coração começou a sarar, chorar passou a ser mais escasso, e atrelado a pequenas lembranças, aqui e ali, vinculadas a história deles.


Neste estágio, ela encontrou força, sei lá onde, em seu interior. Parecia uma leoa, decidida, dona de si. De repente, viu-se a resgatar sua vida, não a do casal, mas a própria, empoeirada em lembranças remotas, perdidas em algum canto obscuro de seu coração. E viu que teria algo de bom a aprender com aquilo tudo. E chorar, o que passou a ocorrer raramente, já não tinha mais aquela conotação de dor. A vida passou a ter outras nuances, outras cores. Viver se tornou um prazeroso exercício de descoberta e, aos poucos, tornou livre o seu coração.

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