Acredito que um dos maiores
desafios humanos está na aceitação das consequências de seus atos. Uma parte de
nós até se esforça em, num lampejo de desapego ao ego, não só tomar, mas
assumir seus atos. Entretanto, o mal lidar com os impactos de nossas ações e
decisões é uma falha de nossa formação humana, visto que somos intolerantes a
dor. Não que todas as consequências mereçam o limbo da não-paternidade, tal
como o adulto que se torna bem sucedido pelo fato da ação de um ‘mecenas’ ter-lhe
permitido alcançar tal grau na maioridade. Mas a dúvida em relação às
consequências, que apenas surgirão no futuro (imediato ou remoto), pode
acometer tanto as boas como as más ações (imagine a dúvida que atinge o
‘mecenas’, com a possibilidade de o “ajudado” tornar-se um bandido ao invés de
um bom trabalhador).
Saber lidar com as consequências
é, em resumo, saber lidar com a possibilidade de dor, mesmo que a dor de
poder-se ter agido de forma diferente.
Também pode-se deduzir que,
quanto menos o raciocínio estiver calcado no planejamento – que é, em resumo,
pensar as ações com base nas consequências desejadas -, tanto mais dificuldade
para lidar com as consequências terá o indivíduo. O planejamento falho, aquele
que não conduz às consequências desejadas, desde que quem o implemente esteja
equipado com as ferramentas analíticas necessárias, tentará entender onde a
ação não conduziu ao resultado esperado, e cuidará de corrigi-la em uma situação similar ou no caso de reinício
do processo observado.
Mas, “esse papo de planejamento
não implica em redução da espontaneidade”? Ou “isso não funciona pra gente de
‘carne e osso’, mas pra empresas e seus processos”? Bem, até pode ser, mas,
pense: você não precisa conceber o planejamento de sua vida com um planejamento
estratégico clássico, com visão, missão, objetivos e estratégias, mesmo sendo a
vida, no fundo, o local mais importante para a implementação do planejamento
para o indivíduo.
Não! Você também não é uma
instituição que precisa se perpetuar (que é o grande motivo de se implantar
planejamento estratégico nas empresas, visando direcionar a organização para
garantir a perenidade dos negócios). Sabemos, ou melhor, estimamos, viver
dentro da expectativa de vida que nos é informada pelos órgãos oficiais; em
certo grau, até supera-la. Mas sabemos também, em nosso intimo, que por mais
avançadas sejam as técnicas de prolongamento da existência (atuais ou calcadas
na ficção científica), não iremos muito além dos 90 anos. Desta forma, devemos
nos programar para que, nesta existência, possamos não apenas, desfrutar do
conforto, do amor, do calor familiar, mas evoluir até o último segundo, para
que o descanso eterno se dê com paz de espírito. Não sabemos o que nos espera
do outro lado do túnel. Além da luz, o celestial ou o fim da existência? Por
isso viva, seja feliz, sorria! Não espere a aposentadoria para realizar seus
sonhos. Por sinal, não abra mão deles para agradar o outro. Não engavete
planos. Chore quando precisar, não por preguiça de lutar. Tenha o coração leve
para que a vida se mostre para você bela como ela é, sem as lentes distorcidas
que nos permitimos usar para ofuscar a visão.
Por fim, não viva a esmo, ao
sabor das ações alheias. Aí sim, as consequências serão imprevisíveis, quiçá
indesejáveis. Nem mesmo a Deus devemos confiar nosso futuro. Vai que Ele não está em um bom dia?
Um grande beijo
Pensem por si próprios e não
permitam a dúvida, se existe a quem consultar!
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