quarta-feira, 26 de junho de 2013

Resgatando-me

Engraçado como, em alguns momentos, a vida lhe dá uma piscada matreira, como se quisesse dizer ‘Não se aflija! Os problemas não são tão grandes como você imagina’. Tendemos a acreditar que o turbilhão que nos cerca é algo intransponível, invencível. Ficamos cegos para aquilo que poderia ser a solução e focamo-nos nos efeitos! Algo para aprender com toda a situação? Improvável! Estamos sempre em busca da zona de conforto onde ser ‘eu’ é indolor, mas, também, insípido, inodoro e incolor!

Despertei-me para o tema ao voltar a ler um livro que já considerava relegado à poeira de minha estante: O Poder da Cabala (perdoe-me, amiga Marcia Batista, pois você confiou firmemente que eu ‘devoraria’ este livro nesta fase ‘auto-autoajuda’ em que me encontro). Para contextualizar: esta (re)leitura deveu-se a um esforço hercúleo de dar algum significado a minha ociosa noite de quarta-feira, 26/06/2013, onde faltaram programas e sobrou preguiça. Sem contar o fato de estar no ápice de meu estresse pré-férias, quando a tolerância já se encontra no campo negativo da Matemática. Até mesmo minha corrida, algo que me é extremamente prazeroso, tomou contornos de tortura das mais degradantes.

Bem, voltando ao livro (e ao primeiro parágrafo), impressionante como de onde menos se espera surgem as maiores surpresas. E assim aconteceu. Não me dava ao trabalho da leitura do dito-cujo faz, pelo menos, duas semanas. Uma resistência tremenda a alguns conceitos nele contidos e fundamenteis para a compreensão da Cabala (aqui, abro parênteses para deixar claro que não procuro uma religião, acredito-me já ter passado desta etapa da vida; leio tudo, de todas, com a avidez do conhecimento por filosofia, sua ética e sua interação histórica; fecha parênteses).

O capítulo da ‘retomada’ tratava da resistência. Até aí, tudo bem. Às vezes me perco neste livro que mistura física com fé, dado que minha subjetividade é extremamente objetiva – hehehehe. Entretanto, ao final, tive a gostosa sensação de lição aprendida (ou relembrada; quem muito lê livros de autoajuda sempre se depara com um ‘novo’ que não é tão novo assim). Bem, tentando ser bem objetivo, o que o livro colocava, em forma de metáfora, que tal como o filamento da lâmpada, que separa os polos positivo e negativo, gerando brilho parco, mas contínuo, por meio da resistência física imposta a corrente elétrica (contrario ao que ocorre na situação de curto-circuito, que ocorre quando o mesmo filamento se rompe e há ligação direta entre os polos, levando a produção de um brilho intenso, mas efêmero), nossa reação comodista aos problemas gera prazer momentâneo, mas fugaz, ao passo que, resistir ao problema, quer pelo enfrentamento da situação, quer pelo silêncio que permite a tolerância e a não reatividade (impressionante a quantidade de situações apresentadas para explicar a questão da importância da resistência, e, em todas elas, era possível vislumbrar-me, em flashback). Senti-me extremamente atingido pelo texto, a ponto de querer REAGIR. Não brigar com o mundo, como o Sex Pistols tem me impelido nos últimos tempos (estou em uma fase de descobertas musicais, e encontro-me em uma fase de total e avassaladora paixão pela rebeldia e irreverência punk), mas sair do marasmo em que me encontro, parar de me sentir o injustiçado, tentar aprender com o que aconteceu.


O que posso dizer é que a vida, hoje, mais que piscar pra mim, deu-me uma bela cantada e resgatou-me do poço quase sem fundo em que havia me enfiado. E, acredite, não é a religião nem a fé. Foi, simplesmente, sentir-me compreendido por mim mesmo, enxergar-me e a minhas reações na terceira pessoa e ver o quanto perdi do meu dia, de cara feia, tristonho, praguejando minha sorte! Como poderia ter sido mais feliz se simplesmente tentasse entender e solucionar o problema que me afligia, ao invés de mergulhar em uma introspecção vazia e infrutífera. Viu, Marcia? Nem tudo estava perdido!

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