Engraçado como, em alguns
momentos, a vida lhe dá uma piscada matreira, como se quisesse dizer ‘Não se
aflija! Os problemas não são tão grandes como você imagina’. Tendemos a
acreditar que o turbilhão que nos cerca é algo intransponível, invencível.
Ficamos cegos para aquilo que poderia ser a solução e focamo-nos nos efeitos!
Algo para aprender com toda a situação? Improvável! Estamos sempre em busca da
zona de conforto onde ser ‘eu’ é indolor, mas, também, insípido, inodoro e
incolor!
Despertei-me para o tema ao
voltar a ler um livro que já considerava relegado à poeira de minha estante: O
Poder da Cabala (perdoe-me, amiga Marcia Batista, pois você confiou firmemente
que eu ‘devoraria’ este livro nesta fase ‘auto-autoajuda’ em que me encontro).
Para contextualizar: esta (re)leitura deveu-se a um esforço hercúleo de dar
algum significado a minha ociosa noite de quarta-feira, 26/06/2013, onde
faltaram programas e sobrou preguiça. Sem contar o fato de estar no ápice de
meu estresse pré-férias, quando a tolerância já se encontra no campo negativo
da Matemática. Até mesmo minha corrida, algo que me é extremamente prazeroso,
tomou contornos de tortura das mais degradantes.
Bem, voltando ao livro (e ao
primeiro parágrafo), impressionante como de onde menos se espera surgem as
maiores surpresas. E assim aconteceu. Não me dava ao trabalho da leitura do
dito-cujo faz, pelo menos, duas semanas. Uma resistência tremenda a alguns
conceitos nele contidos e fundamenteis para a compreensão da Cabala (aqui, abro
parênteses para deixar claro que não procuro uma religião, acredito-me já ter
passado desta etapa da vida; leio tudo, de todas, com a avidez do conhecimento
por filosofia, sua ética e sua interação histórica; fecha parênteses).
O capítulo da ‘retomada’ tratava
da resistência. Até aí, tudo bem. Às vezes me perco neste livro que mistura
física com fé, dado que minha subjetividade é extremamente objetiva – hehehehe.
Entretanto, ao final, tive a gostosa sensação de lição aprendida (ou
relembrada; quem muito lê livros de autoajuda sempre se depara com um ‘novo’
que não é tão novo assim). Bem, tentando ser bem objetivo, o que o livro colocava,
em forma de metáfora, que tal como o filamento da lâmpada, que separa os polos
positivo e negativo, gerando brilho parco, mas contínuo, por meio da resistência
física imposta a corrente elétrica (contrario ao que ocorre na situação de
curto-circuito, que ocorre quando o mesmo filamento se rompe e há ligação
direta entre os polos, levando a produção de um brilho intenso, mas efêmero), nossa
reação comodista aos problemas gera prazer momentâneo, mas fugaz, ao passo que,
resistir ao problema, quer pelo enfrentamento da situação, quer pelo silêncio
que permite a tolerância e a não reatividade (impressionante a quantidade de
situações apresentadas para explicar a questão da importância da resistência,
e, em todas elas, era possível vislumbrar-me, em flashback). Senti-me extremamente
atingido pelo texto, a ponto de querer REAGIR. Não brigar com o mundo, como o
Sex Pistols tem me impelido nos últimos tempos (estou em uma fase de
descobertas musicais, e encontro-me em uma fase de total e avassaladora paixão
pela rebeldia e irreverência punk), mas sair do marasmo em que me encontro,
parar de me sentir o injustiçado, tentar aprender com o que aconteceu.
O que posso dizer é que a vida,
hoje, mais que piscar pra mim, deu-me uma bela cantada e resgatou-me do poço
quase sem fundo em que havia me enfiado. E, acredite, não é a religião nem a fé.
Foi, simplesmente, sentir-me compreendido por mim mesmo, enxergar-me e a minhas
reações na terceira pessoa e ver o quanto perdi do meu dia, de cara feia,
tristonho, praguejando minha sorte! Como poderia ter sido mais feliz se
simplesmente tentasse entender e solucionar o problema que me afligia, ao invés
de mergulhar em uma introspecção vazia e infrutífera. Viu, Marcia? Nem tudo
estava perdido!
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