segunda-feira, 23 de setembro de 2013

A PRISÃO




A razão é a prisão da emoção
Pois aborta a prima questão:
Por que fazer a questão?
Contenta-se com aquilo,
Que olhos sem brilho
Conseguem alcançar
A custa do novo,
Pelo sacrifício do criar,
Em ritual consumado
Em seu dourado altar.

A razão é a prisão da emoção
E da alma
Reduz a existência entre sim e não
Deletando o talvez
Pois o caminho apenas bifurcar-se-á
Numa maniqueísta composição
Onde mocinho e bandido nunca serão facetas
De uma mesma face cunhada
No metal que pondera
Quanto vale cada ser.

A razão é a prisão da emoção
E do amor
Pois este não se delimita.
Nem se tolhe.
Deixa-o crescer, alastrar-se
Tal como a erva daninha,
Mas sem os malefícios dessa,
Dado que o primeiro,
Em sua essência simbiótica
Jamais parasitará,
Contribuindo para o engrandecimento da existência
Daqueles com os quais envolver-se-á.

A razão é a prisão!
Que nos rouba a essência,
Dia-a-dia,
Pouco-a-pouco.
Endurece o ser para a flor,
Para a chuva que cai,
Para o mar sem fim.
Torna a alegria pueril
Em crise de meia idade.
Tornando-nos hóspedes compulsórios,
Desta interior prisão sem muros
A qual nominamos
Razão.




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