domingo, 29 de setembro de 2013

DUAS CRIANÇAS



Somos duas crianças!
Ou fomos?
Que acreditaram em um mundo de sonhos.
Num eterno campo florido.
Onde não haveria lugar para espinhos,
Nem para a dor.

Fomos duas crianças!
Será mesmo?
Até que um dia,
Em marcha extremamente forçada,
Guindados, fomos, a maturidade tardia,
Sem escalas,
Sem bilhete de volta,
Nem despedida.

Seriamos duas crianças,
Talvez?
Lindas e cobiçadas!
Em sua gaiola dourada,
Protótipo por todos almejado.
Vivendo um conto de fadas!
Só que, fadas, não existem!
A não ser num mundo fantástico,
Que bem conhecemos, por tê-lo habitado.

Queria sermos nós,
Outra vez,
Duas crianças.
A correr de mãos dadas pelos campos floridos,
Sem nos preocuparmos com o amadurecer tardio,
Apenas com o viver!
Ser amigos das fadas,
Num mundo fantasticamente real,
E de real felicidade!

Por que não duas crianças?
Novamente!
Pois, ser adulto,
Dói.

segunda-feira, 23 de setembro de 2013

A PRISÃO




A razão é a prisão da emoção
Pois aborta a prima questão:
Por que fazer a questão?
Contenta-se com aquilo,
Que olhos sem brilho
Conseguem alcançar
A custa do novo,
Pelo sacrifício do criar,
Em ritual consumado
Em seu dourado altar.

A razão é a prisão da emoção
E da alma
Reduz a existência entre sim e não
Deletando o talvez
Pois o caminho apenas bifurcar-se-á
Numa maniqueísta composição
Onde mocinho e bandido nunca serão facetas
De uma mesma face cunhada
No metal que pondera
Quanto vale cada ser.

A razão é a prisão da emoção
E do amor
Pois este não se delimita.
Nem se tolhe.
Deixa-o crescer, alastrar-se
Tal como a erva daninha,
Mas sem os malefícios dessa,
Dado que o primeiro,
Em sua essência simbiótica
Jamais parasitará,
Contribuindo para o engrandecimento da existência
Daqueles com os quais envolver-se-á.

A razão é a prisão!
Que nos rouba a essência,
Dia-a-dia,
Pouco-a-pouco.
Endurece o ser para a flor,
Para a chuva que cai,
Para o mar sem fim.
Torna a alegria pueril
Em crise de meia idade.
Tornando-nos hóspedes compulsórios,
Desta interior prisão sem muros
A qual nominamos
Razão.




sexta-feira, 20 de setembro de 2013

UM TAL CAFONA ROMÂNTICO



'Esse cafona romântico...'
Começaria, assim, a discorrer sobre mim
Pois é o que sou!
Um sonhador incorrigível,
Talvez um louco desvairado,
Que não se enquadra, de certo,
Nesse mundo tão virtualizado.

Amo a vida a dois,
Apesar de andar maldizendo o amor,
Com seus múltiplos problemas
E infinitas alegrias
A rotina maçante
Mas que também dá previsibilidade à vida.
Ai, Deus! Como curo essa ansiedade
Por antecipar o que está nas entrelinhas?
Consulto os oráculos, cartomantes?
Ou apenas vivo cada dia?

Sou daqueles que ainda acredita no olhar
E do que dele não se pode depreender,
Mas se sente
Entre dois conectados amantes.
Que se encantam pelas afinidades,
Temem pelas incompatibilidades
Mas sabem,
Lá no fundo,
Que juntos podem caminhar.

quinta-feira, 19 de setembro de 2013

MALDIZENDO O AMOR




Não sou capaz de compreender o amor!
Quando você se entrega,
Alguém lhe aponta, dedo em riste
Que o caminho escolhido não é o melhor que existe.

Não sou capaz de sentir o amor!
Mas, peraí? Se me entrego, não quer dizer que o sinta?
‘Mas claro que não!’, vão dizer,
Pois se entregar não é sinal de querer.

Não sou capaz de viver o amor!
Pois ele está por aí, acolá.
Ele se esconde, num gato-e-rato,
Uma brincadeira que não sou capaz de jogar.

AMOR, 
Cansei de você!
Não consigo te compreender!
Tão pouco te sentir,
Muito menos vive-lo!
Escravizo-me por você
E você, 'nem aí' comigo!

AMOR,
Te odeio!
Você não merece o melhor de mim!