quinta-feira, 31 de julho de 2014

LUGAR-COMUM



Por MAAQUEZ

Em 31/07/2014





Se pudesse traduzir meus sentimentos presentes em desejos, estes se transformariam em uma cama, em um quarto escuro, na total ausência de barulho, onde os ponteiros do relógio permaneceriam estáticos. A esta quase sepultura me recolheria, isolando-me deste mundo ao qual, em grande parte, sinto-me inadaptado. Por vezes, vejo-me como um chato, um ingrato, que reclama de tudo, que não se satisfaz com nada! Será mesmo? Tenho me questionado se tudo o que acredito, de fato, é real! Tomei as decisões certas? Fiz o que, realmente, era meu intuito? Questões infinitas, coletivamente vivenciadas, para a mesma dúvida, sobre o  ‘trânsito’ por esta vida, um intervalo entre o ‘de onde’ e o ‘para onde’, sendo a falta de evidências não empíricas que comprovem este destino, a maior justificativa para as disfunções existenciais, subsídios  para a atuação dos adeptos (e desafetos) de Freud.



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Este é o meu lugar-comum! E assim tem sido desde que abandonei a inocência da infância, para me perder nas divagações e inseguranças iniciadas na adolescência e que até hoje perduram. Um eterno (e interno) conflito entre polos opostos de minha personalidade (Erros ou acertos? Culpa ou satisfação? O outro ou eu?). Ora pendendo para um lado, ora para outro, o certo, em meio a essa hipócrita dualidade, é que, invariavelmente, lanço-me em um fundo de poço, bem no âmago do meu ser, cujas íngremes paredes escalo lentamente, em busca da luz que aquecerá o meu espírito e acalmará minha mente. Num complexo ciclo de reinvenção do ‘eu’, norteado pela esperança da redenção, confrontado com a realidade da sensação de não se ter feito o melhor. Ai de mim, com minha visão crítica! Serei sempre o meu pior algoz.
 

quinta-feira, 24 de julho de 2014

OBRIGADO POR ME PERMITIR EXISTIR





OBRIGADO POR ME PERMITIR EXISTIR

Por MAAQUEZ
Em 24-07-2014



Engraçado como o óbvio fica obscurecido pela massacrante rotina do dia-a-dia. E, de forma abrupta, como num estalo, salta-nos aos olhos como a mais conhecida das coisas. Deixando-nos estupefatos ao depararmo-nos com uma verdade ignorada: de que, pela dádiva da vida, devemos ser gratos, pura e simplesmente, mesmo quando o pensar contradiga isso! É mágico poder abrir as pálpebras para permitir que a luz toque nossa retina, trazendo-nos uma nuance quase infinita de cores, sombras, formas. Sentir a brisa a nos acariciar a pele. O sol a aquecê-la. Deleitarmo-nos com a gargalhada de uma criança. Ou com as histórias de um alguém mais experiente. Ver que cada pequena coisa, cada ínfima coisa, nada mais é do que um pequeno presente, um pequeno milagre, pelo qual devemos ser gratos. Mas não pela possibilidade de não poder ser agraciado com ele, mas pela simples honra de estar naquela hora, naquele lugar, e estar a ele conectado. Não somos donos de nada nesta vida, nem mesmo de nossas experiências, por mais planejadas elas sejam. Acaso, destino, Deus, ou qualquer outro nome que dermos a variável de comportamento imprevisível que compõe a equação de nossa existência, é nosso verdadeiro benfeitor, a nos conceder o maior de todos os presentes: ter motivos para, a cada instante, poder dizer ‘obrigado por me permitir existir’!

domingo, 16 de fevereiro de 2014

MOSHE

Fui inspirado para esse texto (não o considero uma poesia de fato) pelas notícias lidas no sábado e domingo (15 e 16//02), e que me deixaram muito tocado, não apenas pelas matérias, em si, mas por um 'quê' de desesperança com o futuro.



MOSHE

Por MAAQUEZ
Em 16/02/14

Moshe
Assim se chamava o menino
Nascido sob o signo
Da estrela de seis pontas
Que não resistiu
Comprimido
Entre dois mundos assustadores
O da tradição de séculos
E o da secular liberdade
A ambos
Ligado
Por ambos
Rejeitado
Sobrando-lhe
Num arroubo de desespero
Decidir-se por um terceiro
Onde sua alma pudesse
Descansar

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O nome era Moshe
Que fosse Joaquim
José
Homem
Ou mulher
Não importa
Mas
Sim
O seu significado
Retrato de um mundo sem norte
Onde se recusam as amarras
Mas a liberdade é vazia
Como dito pelo sábio Filósofo
Vivemos em tempos
Onde foi dado fim ao futuro
E o presente é a moda
Mas esta não dura
Além de seus ‘15 minutos’
Mundo imediatista, esse!
Mundo triste!
Onde o destino é ditado
Ao sabor de cada campanha publicitária
E
Tal qual um produto
Tem validade
E obsolescência programadas

DEGUSTAR A VIDA

Depois de um longo tempo sem postar no blog, resolvi abandonar um pouco o Instagram e o Facebook, mais limitados em recursos.



DEGUSTAR A VIDA
Por MAAQUEZ
Em 16/02/14


No marchar dos ponteiros
O compasso acelerado
Lembra-nos
O quanto nos é caro
Apreciar o gosto do pão
Sem ter que tragá-lo
Aos borbotões
Podendo degustar
Cada fragmento
Assimilar
Cada elemento
Sem ser preciso
Escusarmo-nos
Para aquela velha
E parasita senhora
Essa tal de D. Rotina
Que se vende essencial
Envolve-nos com seu belo canto
De sacrifícios presentes
E fortuna futura
Mas que
No fim
Apenas nos torna escravos
Da insana e inexplicável urgência
Afastando-nos
Aos poucos
Das belas e simples
Coisas
Que tornam
Prazeroso
O existir
Tal como degustar
Cada experiência de vida
Cada minuto das horas
Ou uma bela fatia de pão

sexta-feira, 8 de novembro de 2013

APRENDER A CONVIVER COMIGO



Por MAAQUEZ
Em 08/11/2013

Preciso aprender a conviver comigo
A respeitar-me
Nos pequenos sinais
Que corpo
E espírito
Dão-me
Assinalando a humanidade
Passível de erros
E de acertos
De inúmeras virtudes
E imensas fraquezas
Mas que
Essencialmente
Traduz-me
Para aqueles que
Em mim
Querem se iniciar
Mergulhar em meu mundo de sonhos
Viajar em meus devaneios
Compartilhar comigo um sorriso
E tocar o meu coração
Conectando-se 
A tudo 
Que dele emana

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Preciso entender
Apenas
Que antes de ser tudo aquilo
Que penso que os outros pensam
Preciso ser
Simplesmente
Eu